Corredores da Loucura - Parte 2: Pesadelo
Corredores da Loucura - Parte 2
Segunda, 8 de agosto de 1949, 3h - Acordo em meu quarto. Um cheiro horrível como de um cadáver putrefato impregna o ar. Me levanto nauseado da cama e, ao tocar o chão com os pés, sinto algo gelado. O chão parece estar encharcado. Busco a lamparina ao lado da cama e confirmo que de fato é este o caso. Chamo Nichols, mas ele dorme pesadamente. Escuto passos espatifados fora do quarto e, com certo nojo, atravesso o aposento inundado naquele repugnante líquido que me parece ser um esgoto lodoso da pior espécie e me dirijo até a porta. Antes de abri-la, aproximo-me para ouvir melhor o que está acontecendo.
Um grito ensurdecedor que me parece ser de uma mulher invade meus tímpanos. Com o susto, caio pra trás e bato a cabeça com forca na mesa. Sinto meus sentidos se esvaindo lentamente, enquanto aquele grito desesperador continua ecoando como plano de fundo da minha inconsciência.
Segunda, 8 de agosto de 1949, 7h - Acordo assustado. Minha cabeça dói horrores onde bati. Não sinto aquele cheiro horrível, e o chão de madeira velha está seco de tal forma que seria impossível que estivesse molhado a menos de uma semana que seja.
Confuso, olho para meu amigo, que já havia acordado e está saindo detrás do biombo.
– Bom dia, policial! Pensei que os oficiais acordassem mais cedo.
– Bom dia, professor… eu… acho que tive um sonho… ou pesadelo, não sei dizer… você ouviu alguma coisa essa noite?
– Dormi como um bebê. Por que?
– Acordei a noite… ou acho que acordei. Estava um cheiro horrível, o chão estava molhado e eu ouvi um grito que me gelou até os ossos.
– Ora, tenho certeza que foi apenas um sonho. Vamos, se arrume, não quero que aquela mulher sapo venha nos chamar. Aquele soluço me dá nos nervos.